segunda-feira, 11 de julho de 2011

Banda LunaBlu.

Tempos engraçados esses em que artistas musicais são mais conhecidos pelas cores da roupa ou os cortes de cabelo do que a música que fazem. O visual sempre teve força no universo pop, mas em poucos momentos com tanta intensidade assim por aqui. É muito bom quando, no meio dessa estética reinante, aparecem bandas que colocam o som em primeiro lugar. LunaBlu é justamente uma delas – um trio totalmente alinhado com a cena atual, mas que chega querendo mostrar o que mais importa: sua música.










LunaBlu é Valentina Piras (voz), João Milliet (guitarra) e Thomas Henne (bateria). Desde muito cedo, os três sabiam que teriam uma banda. Valentina e João estudaram música, e Thomas, ainda que tenha optado por estudar gastronomia, tem na bateria uma paixão mais antiga. Em 2007, Valentina conheceu Thomas e os planos de montar uma banda começaram a se fortalecer. Através do YouTube, João reencontrou a antiga colega de escola (da época do primário!) em um vídeo postado por ela. Era Valentina apenas com voz e violão na sala de casa, mas João já via a vocalista à frente da sua futura banda. Em São Paulo, em meados de 2008, o trio estava formado. Em 2009, formada uma base de fãs que conhecia as primeiras músicas do trio via MySpace, e já com um contrato assinado com a Universal, o LunaBlu fez seu primeiro show. “O LunaBlu já começou fora da garagem”, diz Thomas Henne sobre o fato de terem gravado as primeiras músicas no estúdio da produtora Cada Instante, de João Milliet e Rique Azevedo, que participa de algumas composições. A dupla foi responsável por toda a produção do CD.
As músicas do álbum de estréia atestam a qualidade técnica do trio. Os temas, que tratam de relacionamentos – muitas vezes de um modo instigante – sempre vêm acompanhados de vocais provocantes e riffs fortes. “Te Controlo”, uma das músicas mais novas do trio, abre o disco com a história de uma menina que faz um homem pensar que a controla. As provocações continuam em faixas como “Dry Martini”, um hard rock que remete a “I Kissed a Girl” de Katy Perry, contando um sonho entre duas amigas. Ou “Sinto Muito”, com sua pegada ganchuda e Valentina Piras mandando as cartas eL cantando: “Sinto muito amor, mas esse jogo eu já ganhei”. Ou ainda “Não Quero mais Você”, que rejeita um velho amor que não deu certo com a pegada forte do pop punk. Um dos melhores riffs de guitarra do trabalho embala uma outra faixa, que também é sobre perda: “Desilusão”. “É um solo antiquíssimo do João”, Valentina lembra. “A gente tem um lado pesado que não dá para negar.” Conseguindo dosar esse peso com baladas belas, entre momentos suaves e poderosos, o LunaBlu torna suas músicas especiais. “A Noite Vai Durar”, uma das faixas mais novas da banda, vem cheia de timbres de violão, é a mais romântica do disco. “Ela tem uma pegada mais John Mayer, que a gente gosta também”, revela Thomas. O mesmo clima volta na bela balada folk “Estarei Aqui”, em que as baquetas de Thomas foram deixadas de lado e ele tocou a bateria com os dedos, levando a música para um lado mais acústico. E também em “Sempre Comigo”, que começa calma, com violão, mas logo ganha o poder da guitarra. Essa música é a próxima a ganhar um videoclipe, gravado em locações no interior de São Paulo (entre elas, um cemitério de trens). Também é ela em que Valentina Piras divide os vocais com Lucas Silveira, do Fresno – a única participação especial do disco. De resto, são os três. E é até difícil perceber que não há um baixista no line-up. “A gente nunca achou um baixista que se encaixasse na banda”, João comenta. E, embora o LunaBlu já tenha se apresentado com até cinco pessoas no palco, isso não faz a mínima diferença. João e Thomas disparam bases sampleadas de synth pads e tudo fica preciso. A eletrônica que entra no som da banda é mais sentida em “Desafio”, com gravações de sons invertidos de violão dentro de um arranjo mais sofisticado, e nos belos efeitos de guitarra de “Nenhum Segundo”, cujo videoclipe frequentou bastante o Top 10 da MTV em 2010.
A primeira música a mostrar a cara do LunaBlu foi “Sem Ninguém”. É a primeira composição do trio e versos como “cair no mundo sem medo de ser/viver loucuras que eu nunca vivi” parecem dar dicas do futuro caminho da banda. A música chegou a ganhar uma ótima e inusitada versão em italiano, que fecha o álbum.
Além de seu site totalmente reformulado, com notícias da banda, trechos de músicas, os integrantes lançarão em meados de março um blog tratando de assuntos que cada um entende bem (Valentina vai dar dicas de maquiagem para sair nas baladas, João vai falar sobre produção musical e Thomas sobre o que aprendeu na gastronomia), o LunaBlu pretende fazer shows – muitos shows – em 2011, mostrando um som que é muito atual, mas, felizmente, livre de rótulos audiovisuais. “A gente conversa bastante sobre o nosso som”, Valentina diz, “sobre essa coisa mais eletrônica do pop gringo e com os riffs de rock. Aí no meio desses dois lados está nossa música”. É hora de conferir.

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